sábado, 11 de julho de 2009

Resgatando o Parto


Resgatando o Parto


Humanizar o nascimento é adequá-lo a cada mãe, a cada pai, ou seja, à família envolvida em cada nascimento. A técnica não pode tornar-se mais importante do que as pessoas envolvidas!
O parto hoje tornou-se assunto exclusivamente médico, especialmente no Brasil onde as taxas de cesárea estão entre as mais altas no mundo, chegando à mais de 80% em alguns hospitais! Por isto falamos em resgatar o parto como um processo fisiológico normal da mulher. É neste sentido que o parto é nosso, devendo tornar-se evento médico somente quando a intervenção é realmente necessária.
As evidências científicas mostram que o fator determinante para uma boa experiência de parto é o quanto a mulher sentiu-se protagonista do evento, ou seja, qual o nível de controle que ela percebeu ter sobre o processo; o grau em que sua opinião foi ouvida; o nível de informação que lhe foi dada durante os procedimentos e se seu consentimento (para os procedimentos) foi percebido como sendo dado. Podemos resumir dizendo que a mulher tem necessidade de ser tratada como sujeito ativo e participante de todo o processo e não como mero objeto.
Como fazer para tornar-se protagonista de seu parto, do nascimento de seu filho, momento mobilizador de tantas emoções e carregado de tanto significado? Necessitamos tanto de informação quanto de apoio, daí a importância de se fazer uma boa preparação para o parto! Mas para quê nos preparar se o processo todo é tão normal? Justamente porque vivemos numa sociedade e numa cultura onde o parto não é mais visto como um processo normal - nós duvidamos da nossa capacidade de dar à luz!
Temos que conhecer as opções de parto, nos familiarizar com os procedimentos mais comuns, para poder decidir o que é que queremos para nós....


Fonte: http://www.amigasdoparto.com.br/presgate.html

Gestante morre na porta de Hospital da Posse após esperar quase uma hora por vaga


Publicada em 09/07/2009 às 00:22
Gestante morre na porta de Hospital da Posse após esperar quase uma hora por vaga

RIO - Uma mulher de 31 anos, grávida de nove meses, morreu, na segunda-feira, dentro de uma ambulância da Samu, na porta do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, após esperar por quase uma hora um leito na UTI da unidade. Além de Maria do Socorro Silva Moreira, o bebê que ela esperava também morreu antes que a ambulância conseguisse retornar ao Hospital Maternidade São Francisco Xavier, em Itaguaí, de onde ela tinha sido transferida.
- Depois de quase uma hora reunidos, os médicos disseram que não existia mais a vaga na UTI na Posse porque um paciente que iria ter alta tinha piorado. E me falaram que tinham que voltar correndo para Itaguaí porque o oxigênio da ambulância estava acabando. O tempo estava correndo e a Maria entubada lá dentro - conta, desolado o marido da gestante, José Manoel da Silva. - Não existe saúde pública no Rio, é desgraça pública - acrescentou.
Maria do Socorro foi internada domingo no Hospital Maternidade São Francisco Xavier, em Itaguaí, sentindo dores no corpo e tossindo muito. Segunda-feira à noite, José foi informado pelo hospital que o quadro da mulher tinha se agravado muito e ela precisava ser transferida para a UTI do Hospital da Posse. Ele correu para Nova Iguaçu e presenciou a chegada da ambulância para a transferência, que não aconteceu. A causa da morte foi parada cardíaca decorrente de uma bronquite asmática.


jovem de 17 anos, grávida de nove meses, morreu depois de procurar atendimento em quatro hospitais.




Peregrinação trágica
Uma jovem de 17 anos, grávida de nove meses, morreu depois de procurar atendimento em quatro hospitais.



Uma jovem de 17 anos, grávida de nove meses, morreu depois de procurar atendimento em quatro hospitais. A família está traumatizada e ainda não sabe se vai registrar o caso na delegacia. Os parentes acompanharam a adolescente por maternidades de Duque de Caxias, do Centro do Rio e no Andaraí, na Zona Norte da cidade. O bebê também morreu. Joana Gomes de Almeida, de 17 anos, grávida de nove meses, começou a passar mal às 5h de domingo. A família a levou para o hospital de Xerém, onde ela não pôde ficar, porque não havia anestesista.
Transferida de ambulância para o hospital de Caxias, a estudante preferiu não ficar lá. “Estava lotado, com pacientes no chão, gente sentada no chão”, conta uma parente.
Joana seguiu para a Pró-Matre, no Centro do Rio. A maternidade afirma que a estudante chegou com cólicas, foi medicada e liberada. Já a prima, Bianca Almeida, que estava com Joana, acusa o hospital de não ter dado o atendimento necessário.
“Ela foi examinada. A médica falou que lá ela só poderia ser ficar lá se já tivesse ganho o neném. Esperamos do lado de fora. Depois ela entrou para a sala de novo e a médica disse que lá ela não ia ficar”, lembra a prima.
Com dinheiro emprestado por outros pacientes que estavam na Pró-Matre, Joana foi de táxi para o Hospital do Andaraí. Chegou às 17h. O parto foi feito à meia-noite. O bebê já havia morrido. Joana morreu em seguida.
“A paciente não tinha condições clínicas para fazer o parto. Já chegou com falta de ar, com febre, com sinais de comprometimento pulmonar. Antes de chegar ao Hospital do Andaraí, ela já teria que ter sido internada de urgência, tanto é que ela foi internada com quadro de falta de ar. Além disso, é uma paciente jovem. A gravidez na paciente jovem é sempre considerada de risco”, explica Dázio Simões, coordenador técnico do hospital.
A Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias dá uma versão diferente da apresentada pela família. Em nota, a secretaria diz que a adolescente foi atendida na maternidade de Xerém, mas não estava em trabalho de parto e que foi levada de ambulância para o Hospital Municipal Duque de Caxias, para uma melhor avaliação.
Ainda segundo a secretaria, a paciente relatava dores e desconforto. Foi feito um exame clínico. A adolescente foi orientada a voltar para casa e, se sentisse novas dores, deveria retornar ao hospital de Duque de Caxias.
Fonte: http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL133252-9097,00.html

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Saúde da Mulher


Entidades defendem mudança no modelo de assistência ao parto


A iniciativa da vereadora Aladilce Souza (PCdoB) contemplou, como primeiro tema do Ciclo de Debates sobre a Saúde da Mulher, o "Atendimento ao parto em Salvador". Enfermeira com formação em obstetrícia, a vereadora e as entidades participantes defenderam a mudança no modelo de atendimento às gestantes.

Aladilce ao abrir o Ciclio de Debates sobre a Saúde da Mulher sob a constatação de que o município de Salvador não dispõe de uma maternidade sequer e apresenta um alto índice de mortalidade materna, foi aberto na manhã desta quarta-feira, 10, no Centro Cultural da Câmara, o Ciclo de Audiências Públicas sobre a Saúde da Mulher. A iniciativa da vereadora Aladilce Souza (PCdoB) contemplou, como primeiro tema do ciclo, a "Assistência ao parto" na cidade. Enfermeira com formação em obstetrícia, a vereadora e as entidades participantes defenderam a mudança no modelo de atendimento às gestantes. Aladilce criticou a gestão pública da capital como "muito precária, parece mais uma carteira de negócios a contemplar o empresariado".
Palestrante convidada, a médica Daphne Rattner, da Área Técnica da Saúde da Mulher, do Ministério da Saúde, traçou um panorama sobre o parto na Bahia, apontando como sérios problemas o acesso ao pré-natal e à vaga em maternidades, além da qualidade do atendimento às gestantes. Segundo ela, somente a partir de 2008 o Ministério da Saúde (MS) baixou portaria determinando a obrigatoriedade de notificação e investigação dos óbitos maternos declarados e presumidos.
A medida visou conhecer de forma mais precisa a realidade dessa mortalidade e superar divergências dos dados do MS com o das agências internacionais, sempre com números acima dos divulgados pelo governo brasileiro. Daphne Rattner destacou os objetivos do plano global de Desenvolvimento do Milênio, cujas prioridades envolvem a redução de 75% das mortalidades infantil e materna e melhoria na qualidade do cuidado com as gestantes, a serem alcançados até 2015.
Ela citou como prioridades do Governo Federal a expansão da agricultura familiar, registro civil e combate ao analfabetismo, com focos na Amazônia Legal e no Nordeste, área de maior incidência da mortalidade materna. Destacou a portaria 399/2006, do MS, que estabeleceu o Pacto pela Saúde e envolve os pactos Pela Vida, Pelo SUS e Pela Gestão.


MORTALIDADE É EVITÁVEL


Rattner apontou como "90% evitáveis" os fatores determinantes da mortalidade materna. Entre os fatores, mencionou condutas clínicas inadequadas, negligência, carência de leitos obstétricos e a falta de qualidade da assistência hospitalar. Ela revelou a ocorrência de 194 mil partos na Bahia, 30 mil dos quais em Salvador, com base em levantamento de 2006, lamentando o alto índice de 72 mortes em cada 100 mil nascidos vivos.
A palestrante criticou, ainda, a falta de cobertura no pré-natal, que estipula um mínimo de seis consultas durante a gravidez, ainda não alcançados. Disse do Programa de Humanização promovido pelo MS, que prevê remuneração por procedimentos (pré-natal, R$ 10; vacinação, R$ 40, entre outros), por gestante. Mesmo com a disponibilidade do recurso, poucos hospitais e maternidades se habilitaram à obtenção do recurso.
Dentre as propostas da área técnica da Saúde da Mulher do MS, Rattner relatou a organização da rede de atenção neonatal, com atribuições para cada ente federado (União, estados e municípios); redução das cesáreas desnecessárias e atenção humanizada ao abortamento. Ela apontou o "suporte emocional" como a melhor tecnologia para o parto e defendeu a mudança no modelo da atenção. Disse que "o Plano de Humanização, lançado pelo MS, ainda não conta com a adesão de maternidades baianas". O prazo foi adiado até outubro.
Segundo o presidente da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia, James Cadidé, "não dá para humanizar a assistência ao parto se os profissionais de saúde não estiverem humanizados". Ele defendeu a valorização das maternidades que já são modelo de assistência – Tsylla Balbino, Iperba, hospital Santo Amaro, Clérsiton Andrade (em Feira de Santana) e a de Vitória da Conquista.


COBERTURA DO PSF É DE 7%


Ele questionou, ainda a falta de cobertura do PSF, em Salvador, de apenas 7%, o que dificulta a implementação de qualquer política de saúde. Além disso, cobrou os objetivos que o Estado e o Município têm definido a atingir. Do mesmo modo, disse que falta cobrança das ações dos gestores. Para Cadidé, a Bahia "é um dos estados que menos requisita e aplica as verbas públicas destinadas á saúde, notadamente às dirigidas à saúde da mulher".
A médica Débora do Carmo, da Secretaria Estadual de Saúde, disse do esforço conjunto com o MS, "não só para atingir os Objetivos do Milênio, mas na ação do Estado em defesa da vida". Ela mencionou a dívida que a Bahia tem para com a implantação da Rede de Atenção, que apresenta enormes carências em muitas regiões e excesso de cobertura em Salvador. Ressaltou , contudo, que este excesso não corresponde à devida qualidade. Disse do alto índice de incidência da sífilis congênita e anunciou projeto de financiamento acordado com o Banco Mundial, para a área da água, em cerca de US$ 23 milhões, a serem aplicados em obras de infra-estrutura. Anunciou, também, a formação, este ano, de 300 profissionais do PSF – Programa de Saúde da Família, na linha do cuidado perinatal, e outros três mil agentes em 2010.


MEDO-TENSÃO-DOR


A professora Isa Nunes, da Faculdade de Enfermagem e coordenadora do EPA - Estudos para a Saúde da Mulher, mostrou o quanto temas sociais, como a violência, afetam a saúde da mulher, do pré-natal ao parto. Dentre os 13 estudos realizados destacou a predominância da "peregrinação" das gestantes para conseguir uma vaga em maternidade. Segundo ela, "a mera obtenção da vaga proporciona um ´alívio´ que, na verdade, corresponde à inserção da parturiente na rede de atendimento". "Porque não têm como escolher a maternidade, seja por proximidade ou relação de afinidade", ressaltou.
Isa Nunes apontou o ciclo "medo-tensão-dor" como fator complicador na dilatação do útero, e que a crise decorrente envolve, ainda, stress, dificuldade na relação com os profissionais do atendimento, cujo conflito já ocorre nas salas de triagem. A médica abordou, também, a baixa tolerância na assistência. Para ela, "há uma desconsideração às singularidades de cada mulher e seu quadro clínico e psicológico: Embora a mulher esteja ali em sua integridade, é vista apenas como alguém que tem um filho a expelir", mas a mulher não é só corpo é sujeito de direitos", criticou.
Cremilda Costa, do Cremeb – Conselho Regional de Medicina, apontou a redução na oferta de leitos na rede hospitalar privada, onde já se verifica, também, a peregrinação, com gestantes que têm disponibilidade financeira, mas não encontram vaga. Ela disse do temor que a mortalidade materna possa vir a atingir a classe média. Meire Galvão, da Abenfo-BA - Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica, defendeu a regulamentação da Lei do acompanhante (11.108/95) e a participação de enfermeira obstétrica nos trabalhos de parto. Ela criticou a violência a que estão submetidas as gestantes na rede pública.
Adenail Dias Santos, da comunidade de Cajazeiras, abordou a questão da gravidez precoce no bairro e a dificuldade enfrentada no suporte a essas jovens, seja no parto ou no pré-natal. Mariete Santos, representante da Secretaria Municipal de Saúde, defendeu a implantação de casas de partos naturais, lamentou a baixa disponibilidade de contraceptivos nos postos, embora admitindo a existência em estoques. Mariete disse que a Área Técnica da Saúde da Mulher, na SMS, dispõe de apenas duas pessoas.


SECRETARIA DE POLÍTICA PARA MULHERES


Silvia Lúcia, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher, disse que a instância foi criada em 1987, pelo então governador Waldir Pires, mas só passou a funcionar em 2.000. Ela tachou os conselhos e comitês de "órgãos cartoriais" e defendeu a implantação de uma Secretaria de Política para as Mulheres, tanto no âmbito estadual quanto no municipal. Já Ubiraci, do Fórum Municipal de Entidades Negras questionou o tratamento oferecido no atendimento ao parto de mulheres negras, salientando o percentual de "86% de negros na população soteropolitana".
O evento contou com as participações de entidades vinculadas a questões de interesse da mulher, representantes das secretarias estadual e municipal de Saúde, da Sogiba-Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia, SindMed, SindSaúde, diretores das maternidades Climério de Oliveira, Iperba, ONG Amigas do Parto, Centro de Referência Loreta Valadares, UBM de Salvador e de Simões Filho, FABS e associações de bairros, além de estudantes, professores e diretores de escolas de Enfermagem.

quarta-feira, 1 de julho de 2009




Parto normal aumenta sensibilidade da mãe ao choro do bebê, diz estudo

Por Reinaldo José Lopes

Pesquisa foi feita medindo ativação de áreas maternais do cérebro. Trabalho tem implicações para entender e até prever depressão pós-parto.
Uma pesquisa publicada na revista científica "The Journal of Child Psychology" sugere que pode haver um elo mais poderoso entre mãe que tiveram filhos por parto normal e seus bebês do que aquele que existe entre mães e seus filhos nascidos por cesariana. Segundo os pesquisadores, a primeira categoria de mães é mais sensível ao choro de seu próprio filho, a julgar pelo padrão de ativação cerebral materno, medido com a ajuda de ressonância magnética de duas a quatro semanas depois do parto.Para ser mais exato, a resposta aumentada das mães de parto normal aparece em regiões do cérebro ligadas à regulação de emoções, motivação e comportamentos habituais. A conclusão faz algum sentido diante do aparente elo que existe entre o parto por cesariana e um risco aumentado de depressão pós-parto, verificado em mulheres, e também do cuidado diminuído com a cria presente em animais cujos filhotes não nascem por via vaginal.
Os conhecimentos atuais sobre o parto normal também indicam que ele ajuda a desenvolver os circuitos cerebrais ligados ao apego pelos recém-nascidos. Exemplo disso é a liberação periódica de oxitocina, o famoso "hormônio da confiança" (ou "hormônio do apego") durante o nascimento natural. Menos ativas"Queríamos saber quais áreas do cérebro ficariam menos ativas em mães que têm seus filhos por cesariana", diz James Swain, pesquisador do Centro de Estudos da Infância da Universidade Yale (EUA). "Nossos resultados apóiam a teoria de que variações nas condições de nascimento que alteram as experiências neurohormonais do parto podem diminuir a sensibilidade do cérebro materno humano no começo da fase pós-parto."
Outro detalhe importante: as mesmas áreas ligadas ao esforço do nascimento também influenciam o estado emocional da mãe. "Conforme mais e mais mães optam por ter filhos mais velhas, tendo, portanto, mais chances de passar por uma cesariana, esses resultados vão se tornando importantes. Podem, por exemplo, ajudar a identificar precocemente o risco de depressão pós-parto e atacar o problema", afirma Swain.